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sábado, junho 23, 2007

Balzac - o escritor fábrica


HÁ POUCO MAIS DE UM ANO estou encantado com Balzac (Honoré de Balzac, 1799-1850).

É difícil encontrar um escritor cuja obra seja tão vasta e instigante quanto a dele. E quando falo em vasta não me refiro apenas em termos quantitativos. A Comédia Humana, como é chamada a coleção de sua obra mais relevante, é formada por 89 romances, novelas e histórias curtas com alta convergência de personagens e situações entre todos esses volumes.

Falando em personagens e grandeza da obra, Balzac criou, observando as relações de comportamento entre as camadas sociais de seu tempo, cerca de 2.500 personagens que atuam na comédia humana ora como protagonistas, ora como coadjuvantes, num grau de realismo que os torna - mais que personagens - personalidades plausíveis da história da França.

O primeiro livro que li de Balzac não foi o seu (talvez) mais famoso A mulher de 30 anos, mas Ferragus, uma intrigante estória repleta de duelos, assassinatos, uma linda mulher que é suspeita de adultério, um oficial que se lança na mais vã das investigações – tudo isso tendo a Paris da Restauração como pano de fundo e personagem. Essa me prendeu e despertou. Confesso que a primeira vez que ouvi falar em Balzac foi com 15 anos, sobre Mulher de 30 anos, uma pincelada rápida em aulas de literatura; mas, nesse tempo, a leitura não me pareceu muito atraente. Um preconceito irrefletido apenas, já que nessa época eu era afinado com Cervantes, Aldous Huxley, Júlio Verne, Kafka e Machado de Assis (que pode ser até comparado como a versão tupiniquim de Balzac, pela vasta obra e pela temática). Enfim, já tinha bagagem para ler e apreciar o autor da Comédia Humana.

As obras de Balzac já são de domínio público e você consegue encontrá-las gratuitamente na Internet em forma de e-books. Na versão impressa, gosto muito da primorosa diagramação e arte de capa da LP&M. Estou formando minha coleção de Balzac entre livros desta editora e da Martin Claret, que também é muito boa. Inclusive, estou pensando em fazer um post sobre essas duas editoras, que editam pocket books com obras de domínio público e são grandes responsáveis pela formação de novos leitores no Brasil.

Eu já li Ferragus, A menina dos Olhos de Ouro, O Lírio do Vale, A mulher de Trinta Anos, A Vendeta e estou lendo Esplendores e Misérias das Cortesãs. Os próximos serão Eugénie Grandet, A Duquesa de Langeais e Ilusões Perdidas.

Balzac tem um estilo descritivo que insere você no ambiente como se fosse uma fotografia ou um filme, ainda assim consegue dar ao texto uma atratividade sem igual, ora pelas análises do comportamento humano e da sociedade francesa (que lhe renderam elogios de Friedrich Engels), ora por conseguir intercalar as descrições com alto teor dramático.

É uma boa leitura, sem dúvida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu sempre adorei o Balzac... até poucos anos atrás A mulher de trintas anos era um referencial de desenvolvimento feminino, mas recentemente resolvi reler Eugênie Grandet.. e que decepção... custei a terminar... achei chatíssimo, sem conteúdo e infantil...

Mas ainda adoro Ilusões Perdidas...